Tuesday, February 27, 2007

Uma festa. Uma nova paixão...

- Ei!- gritou Antonio, com o carro que fechava o seu, abruptamente. Alice voltou do sonho – sua última festa de aniversário – como se estivesse sendo acordada aos sopetões. Entraram na Rua Cavaletes.

- Ali é o 225. Pára por aqui, Antonio. – falou Alice, olhando o prédio, admirada com o jardim, a grama bem cortada, tudo iluminado. Alice era paisagista.

A festa era social, ele num terno preto e gravata prateada, os cabelos negros penteados para trás com gel. Alice usava um vestido vermelho, os cabelos castanhos amarrados num coque que deixava seu rosto exposto, e ela ainda mais bela.

Quando entraram, viram o porteiro bem trajado.

- Boa noite! – disse o porteiro, com um sorriso no rosto.

-Boa noite! Por favor, viemos à festa da Senhorita Bianca Boanova – falou Antonio, com a voz impostada, sequer olhando no rosto do porteiro.

- Apartamento dois, no subsolo. – disse o porteiro – Podem descer.

Desceram a escada de mármore.

Alice, um pouco receosa, abriu a porta. Pessoas bem vestidas andavam de um lugar para outro. Antonio entrou logo atrás, admirando aquela multidão.

Bianca estava entretida com um grupo de pessoas à sua volta. Quando viu Alice, correu para abraçá-la.

- Você veio... Que ótimo, pensei que não viria. – Bianca era realmente uma pessoa alegre.

- Esse é o meu marido, Antonio.

- Prazer, feliz aniversário. Meu tio tem uma casa quase igual a essa na Austrália. – falou Antonio, Alice ficou espantada. Ela nunca tinha ouvido falar de um parente do outro lado do mundo, tampouco de alguma casa.

Passado algum tempo na festa, Alice e Antonio estavam rodeados da alta classe. A burguesia gostava de ostentar, falar de seus barcos, de lugares paradisíacos.

Antonio continuava a contar estórias.

- Quando eu fui para o Afeganistão fazer uma reportagem sobre a AlQuaeda, entrevistei o Bin Laden, com todos aqueles agentes de seguranças. Eu fui o único a entrevistá-lo - Antonio falava orgulhoso - e fiquei sabendo de antemão sobre o que aconteceria naquele 11 de setembro.

Conforme os assuntos iam mudando, o marido de Alice contava cada vez mais estórias, que tinham acontecido com ele ou com seus amigos.

Alice admirava uma mulher ao seu lado, olhos azuis, cabelos negros.

- O que o senhor faz? – quis saber esta mulher, dirigindo-se a Antonio.

- Sou jornalista – Antonio dava muita importância ao fato de ser repórter.

- Mas, como tal, o senhor deve ter registrado todos esses “fatos”. – indagou a mulher, curiosa.

- Não.

Alice e Antonio se afastaram da multidão. Foi a oportunidade de Alice indagar o marido:

- Eu não sabia que você conhecia o príncipe do Sudão, e ficou hospedado no castelo dele.

Antonio, percebendo onde Alice queria chegar, respondeu enfático:

- Mas Alice, eu já disse que não sou mitômano.

Ficara nervoso. Afastou-se da esposa, não percebendo a aproximação da bela de olhos azuis, sussurrando no ouvido de Alice. Antonio foi esquecido, e a bela tomou o lugar dele, ao dizer uma frase:

- E você ainda acredita quando ele diz que te ama?

Raphael Silva Sobral – São Paulo

1 Comments:

At 8:50 AM, Blogger Ivy Judensnaider said...

show de bola, raphael....estamos aqui, paty e eu, admirando teu talento e lembrando dos teus lindos olhos castanhos...rs...beijaços das fãs....ivy e paty....

 

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